quinta, 24 outubro 2019 15:54

"Sweet October" revela mais que cicatrizes escondidas

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"Sweet October" revela mais que cicatrizes escondidas "Sweet October" revela mais que cicatrizes escondidas © Sweet October | Paula Pereira

A exposição fotográfica Sweet October, que aliou artistas convidados a doentes oncológicos, é "uma reflexão de empatia sobre as marcas de uma batalha" .

Por ocasião do mês de sensibilização para o cancro da mama, a exposição Sweet October está patente, desde o início de outubro, no átrio principal do Instituto Português de Oncologia do Porto Francisco Gentil, e aí ficará até ao fim do mês.

Este projeto nasceu da evolução de um outro lançado em dezembro de 2017, o Sweet December Project @sweetdecemberproject, um conjunto de autorretratos que ajudou Ana Bee a "ultrapassar medos e ansiedades decorrentes do diagnóstico oncológico".

Foi com Sweet October, estendido a outros doentes oncológicos, especificamente doentes que sofrem de cancro da mama, que Ana fugiu e ajudou outras pessoas a fugir da solidão e do sofrimento silencioso pelo qual passam.

O intuito do projeto é retirar o estigma associado a esta doença, fazendo com que as fotografias comuniquem ao mundo a realidade de um doente oncológico.

As fotografias conseguem espelhar "a aceitação dos dias em que só conseguimos ver a escuridão à nossa volta. Escuridão essa que nos absorve a energia ao ponto de nos anular enquanto seres vivos, mas cabe a cada um de nós optar por ascender através da luz da esperança que brilha dentro de todos nós [...]".

A iluminação nas fotografias pretende acentuar a conceção de que o equilíbrio só existe na presença de opostos, uma vez que não pode existir luz sem sombra, amor sem ódio nem vida sem morte. "Compreender esta dualidade é o que nos capacita para aceitar qualquer transformação da nossa realidade. Somos todos seres humanos perfeitamente imperfeitos, só precisamos aceitar as nossas diferenças pois são elas que nos concedem a identidade e nos diferem dos demais".

As fotografias conseguem ser ferramentas muito poderosas de comunicação pois quem as vê, vê de forma crua, sem preconceitos, acabando por gerar uma autoreflexão onde surge a questão “E Se Fosse Comigo?”.

Foi precisamente após tornar o projeto inicial público que Ana teve noção do poder comunicativo que cada fotografia encerrava, poder esse com capacidade para mudar a vida de alguém.

Começou, então, "a recolher fotografias de outras pessoas para que também elas conseguissem ver que a sua beleza não está no exterior, mas sim na confiança e amor que nos sustenta e que nos apresenta ao mundo mesmo antes de dizer quem somos. A fotografia tornou-se assim uma ferramenta no crescimento pós-traumático das pessoas retratadas".

No conjunto fotográfico do Sweet October estão retratadas 15 pessoas que partilham o mesmo diagnóstico: cancro da mama. São elas Agostinho Branco; Ana Isabel Pereira; Ana Lopes; Carla Sofia Henriques; Cristina Filipe Nogueira; Ivete Oliveira; Lucinda Almeida; Lourdes Pereira; Maria da Conceição; Paula Pereira; Rute Vieira; Sandra Paulino Sequeira; Susana Cunha; Susana Neto e Telma Feio.

A par de cada fotografia está associado um exercício de empatia escrito por um artista português convidado: Alice Vieira; António Bizarro; Dirty Coal Train - Beatriz Rodrigues e Ricardo Ramos; Joana Barrios; João Gil; Jorge Palma; José Cid; Legendary Tigerman - Paulo Furtado; Lena d'Água; Moonspell - Fernando Ribeiro; Olavo Bilac; Rita Redshoes; Samuel Úria; Suzi Silva; Virgem Suta - Jorge Benvinda e Nuno Figueiredo.

O movimento de empatia desafia todas as pessoas que sintam poder contribuir para esta causa a realizar o seu próprio exercício de empatia. Todos os exercícios são publicados na página oficial deste projeto e sinalizados com #sweetoctoberproject e #projetodoceoutubro. Adicionalmente, e na mesma publicação, o participante deve convidar 3 pessoas à sua escolha para que sigam o seu exemplo #followmysteps e abracem esta causa.

Conheça mais do projeto através da página https://www.facebook.com/sweetoctoberproject/ e visite-o no IPO do Porto.

Ler 1888 vezes Modificado em quinta, 24 outubro 2019 17:06