sábado, 09 abril 2022 21:53

A LEGO Foundation investe 20 milhões de dólares para catalisar a inovação no apoio a crianças neurodivergentes

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Para assinalar o Mês da Aceitação do Autismo, a LEGO Foundation anuncia o lançamento de uma nova bolsa de aceleração

Um financiamento isento de contrapartidas e programa de mentoria com termo certo para projetos sociais, empreendimentos e organizações que tencionem apoiar crianças autistas e crianças que sofrem de perturbação de hiperatividade e défice de atenção (PHDA) por meio da aprendizagem com base na brincadeira.

«Quando as crianças neurodivergentes são compreendidas, valorizadas e lhes é transmitida autonomia, todos ganhamos com as suas contribuições importantes e, muitas vezes, excecionais», afirma a Dr.a Maureen Dunne, Senior Advisor e Especialista em Necessidades educativas especiais do Programa de Aceleração Play for All. «Inventores neurodivergentes, cientistas e artistas foram capazes de mudar completamente muitas esferas de atividade. Estou entusiasmada por a LEGO Foundation ter assumido o compromisso de investir no repensar do mundo da brincadeira e da aprendizagem para que inovadores, especialistas e aqueles com experiência própria possam, juntos, construir um futuro que defenda a participação plena das crianças neurodivergentes na sociedade

Há um reconhecimento alargado de que os recursos e os instrumentos de apoio à neurodiversidade têm sofrido de subinvestimento no mundo inteiro e que soluções educativas e inovação estão em falta. Até hoje, o investimento tem-se focado mormente em aprofundar o conhecimento de causas e diagnóstico, e a tecnologia na educação, em vez de ser desenvolvida para a criança neurodivergente, tende mais a adaptar-se-lhe. Esta realidade gerou uma disparidade de financiamento entre investigação científica e inovação, o que significa que o investimento não contempla algumas das necessidades mais prementes e elementares das crianças neurodivergentes. É necessário mais investimento para estimular nos inovadores a criação de produtos, serviços e plataformas que permitam elevar cada criança neurodivergente, a sua família e a escola que a apoia. Assim, o programa de aceleração Play for All espera revelar, inspirar e expandir inovações que possam eliminar esta disparidade, lidar com a falta de experiências de aprendizagem lúdica na escola, em casa e na comunidade e dotar todas as crianças de uma oportunidade igual para desenvolverem as competências necessárias para prosperar no século XXI, nomeadamente, sociais e de comunicação.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) calcula que mil milhões de pessoas, ou 15% da população global, padeçam de algum tipo de incapacidade — uma em 160 crianças é diagnosticada com autismo. Segundo estimativas globais, 5% da população mundial têm P(H)DA (diagnosticada e por diagnosticar).

«Acreditamos que mais crianças neurodivergentes deviam sentir o poder de acreditar contido em “eu posso”», diz Anne-Birgitte Albrectsen, CEO da LEGO Foundation. «Com a abertura do programa de aceleração Play for All a organizações de qualquer parte do mundo, os beneficiários podem tornar-se catalisadores de inovações futuras. Ao trabalharmos com parceiros, procuramos suscitar a consciencialização, a compreensão e a aceitação da neurodiversidade e fazer frente ao estigma dos diagnósticos pelo mundo fora. No fundo, a brincadeira ajuda as crianças a encontrar e a limar os seus pontos fortes e dá-lhes a melhor oportunidade possível de fazer amigos, de frequentar a escola e de preparar o terreno para singrar na vida.»

Para este grupo de crianças, o poder da aprendizagem pela brincadeira está bem patente no êxito do trabalho do parceiro da LEGO Foundation Play Included™. Lançado no ano passado, o programa Brick-by-Brick™ está pensado mais para habilitar as crianças a abraçarem o modo como o seu cérebro está preparado para comunicar do que para as pressionar a apresentar ou comunicar de um modo neurotípico. Resultados de estudos-piloto demonstraram como as crianças autistas e crianças com P(H)DA podem tirar proveito de atividades divertidas que sejam promovidas por crianças e que valorizem a aprendizagem pela brincadeira. É neste êxito que se inspira o programa de aceleração Play for All.


Como funciona

O programa de aceleração Play for All, do qual o primeiro conjunto de organizações está pronto para ser apresentado em abril de 2022, vai disponibilizar até 20 milhões de dólares de financiamento a 25 empreendimentos sociais, organizações e/ou projetos sociais de todo o mundo. O programa inaugural decorre até fevereiro de 2023, período em que se verificará a progressão dos participantes num processo de seleção composto por três fases, com financiamento, mentoria e formação em aprendizagem pela brincadeira assegurados em cada patamar. Para passar à fase 2, será exigido às organizações que apresentem a ideia a um painel, que incluirá a LEGO Foundation, especialistas em capital de risco e crianças e consultores neurodivergentes remunerados. Doze candidatos com aproveitamento acabarão por transitar para a derradeira fase da candidatura, em que as ideias serão postas à prova e os planos concluídos. Dependendo dos resultados, cinco organizações, no máximo, tornar-se-ão parceiras da LEGO Foundation a longo prazo, pelo que receberão fundos para expandirem ideias e inovação e gerar resultados que beneficiem mais crianças neurodivergentes pelo mundo. A LEGO Foundation estimula projetos sociais, empreendimentos e organizações com um foco preexistente ou que tenham em vista a expansão para produtos/serviços mais inclusivos, para crianças neurodivergentes, a manifestarem interesse, no respetivo site, em fazer parte do próximo conjunto.

Dr.a Gina Gómez de la Cuesta, Psicóloga Clínica, Fundadora e Directora da Play Included, disse: «O impacto deste tipo de financiamento e conhecimento especializado em organizações como a nossa e nas crianças que servimos não se pode subestimar. É normal que crianças autistas e crianças com PHDA sintam baixa autoestima e problemas de confiança, muitas vezes motivados pelas ideias erróneas sobre a neurodiversidade na sociedade. Com a aplicação da aprendizagem pela brincadeira pensada especificamente para satisfazer as necessidades práticas da nossa comunidade, as crianças neurodivergentes são encorajadas a fortalecer as competências de colaboração, comunicação e resolução de problemas. Além disso, cria condições para que as escolas fomentem a autoconfiança na diferença e contribuam para uma mudança fundacional, que é precisa para um mundo mais inclusivo que comemore e legitime a nossa singularidade.»

Para mais pormenores sobre o programa de aceleração Play for All e como fazer o registo em conjuntos futuros, queira consultar https://learningthroughplay.com/play-for-all.

Neurodiversidade

A neurodiversidade é uma perspetiva com base no poder que habilita crianças com múltiplos diagnósticos, como perturbações do espetro do autismo (PEA), perturbação (de hiperatividade) e défice de atenção (PDA/PHDA) e dislexia a abraçarem as suas diferenças como algo no âmbito da variação normal da população humana.

Este comunicado usa linguagem que favorece a identidade autista para falar do autismo, como, por exemplo, «criança autista» em vez de «criança com autismo», pois a investigação tem demonstrado que uma grande parte dos indivíduos autistas prefere esta terminologia (Kenny, Hattersley, Molins, Buckley, Povey, and Pellicano, 2015). Não obstante, temos consciência de que existe variação quanto à terminologia preferida, tanto no seio do grupo de pessoas diagnosticadas como entre grupos de pais/cuidadores e de clínicos. Alguns pais podem preferir a expressão «criança do espetro do autismo», e os profissionais usam amiúde «pessoa com autismo» ou termos médicos, como «perturbação do espetro do autismo» (PEA). O comunicado faz uso da forma PHDA, com que, decerto, não concluímos tratar-se de um modo de dizer consensual. Reconhecemos que está a ser desenvolvido trabalho sobre a linguagem preferida no caso de PHDA, e há quem sugerisse o uso de HDA, P(H)DA, HDAista, PHDAista, pessoa PHDA ou o termo TEAV (traço de estímulo de atenção variável).

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