terça, 05 fevereiro 2019 19:48

Microplásticos, o perigo (in)visível

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Fotografia de David Liittschwager - um peixe com aproximadamente 50 dias rodeado de lixo plástico Fotografia de David Liittschwager - um peixe com aproximadamente 50 dias rodeado de lixo plástico

O microplástico, consequência da decomposição do plástico é, cada vez mais, uma crescente ameaça para o meio ambiente e para os seres vivos, humanos incluídos.

Já aqui falámos, num outro artigo, do problema crescente do lixo plástico descartável nos oceanos.

Existe, atualmente, uma imensidão de imagens que demonstram claramente a invasão plástica provocada pelo ser humano no meio ambiente, nomeadamente no marítimo: animais como tartarugas, peixes e pássaros, todos vítimas inconscientes do aumento do lixo. Contudo, desta vez, as imagens que nos chegam são da vida marítima que é praticamente invisível a olho nu, o plâncton. 

O plâncton é um misto de organismos, vegetais e animais, maioritariamente microscópicos, que flutuam em águas salgadas ou doces. Estes organismos proporcionam uma fonte alimentar essencial para muitos outros animais marítimos, incluindo peixes e baleias. No local onde correntes marítimas convergem, à superfície do oceano, é onde se encontra a maior concentração destes organismos e, onde eles estão, os peixes seguem atrás.

Fotografia de David Liittschwager - Vida marinha e lixo plástico separados em duas fotografias distintas

Todavia, é também nesta concentração de plâncton que os cientistas encontraram, infelizmente, grandes quantidades de lixo plástico em amostras de água - 400 metros cúbicos, ou seja, 400.000L - retiradas das costas do Havai, onde as correntes convergem, formando camadas cheias de plâncton, como afirmou o fotógrafo e explorador da National Geographic, David Liittschwager: "Para mim é um pouco chocante o quanto existe [lixo] em amostras relativamente pequenas".

O microplástico (qualquer plástico com menos de 5mm), é encontrado em todos os oceanos e nasce da decomposição do lixo plástico de maiores dimensões em, aparentemente, partículas invisíveis, quer seja pelo desgaste natural ou pela luz ultravioleta. Este flutua ao lado da fauna e flora marítima, como se dela fizesse parte.

Agora, o objetivo dos cientistas é entender como o microplástico poderá influenciar e prejudicar, não só a vida marítima, mas também a vida humana.

Estudos realizados em 2017 apontaram para o facto das anchovas confundirem o plástico por comida o que, provavelmente, será causado pelo cheiro deixado pelas algas na superfície do lixo.

Fotografia de David Liittschwager - peixes juvenis nadam entre lixo

A questão central do problema está, então, no facto destes pequenos peixes, neste caso as anchovas, serem consumidos por outros peixes que se encontram mais acima na cadeia alimentar. Isto diz-nos que o mais provável é que estes microplásticos vêm, de facto, parar ao nosso prato.

Aliás, um estudo publicado em outubro de 2018 revelou que o microplástico já é encontrado em 90% do sal de mesa.

Está na altura de todos nós tomarmos decisões conscientes que ajudem todo um planeta, antes que as nossas refeições se transformem no conteúdo encontrado no estômago de várias aves, baleias, entre outros animais: plástico, servido com plástico e, para acompanhar, microplásticos. 

Ler 2027 vezes Modificado em segunda, 14 outubro 2019 14:40
Sara Ribeiro

Redatora Principal

"Tomei o gosto pelas palavras bem cedo.
Encantada por todas as leituras e escritas que passaram e continuam a passar por mim, o meu percurso inevitável em Comunicação guiou-me até aqui.
Continuarei, para sempre, enamorada pelo poder da informação e pela liberdade que ela respira."